sexta-feira, 5 de junho de 2015

Peru: a imponente e magnífica cultura inca

Viajei ao Peru em 2013 na companhia de três amigos. Muitos me perguntaram o nosso roteiro e há tempos rascunho algo para ajudar quem pensa em fazer a viagem para lá. Seguem informações básicas, como ponto de partida para o desenho de um passeio que certamente será surpreendente.

Aproveite!

ROTEIRO PERU

Dia 1 - RJ-SP-Lima
HOTEL: Faraona (Miraflores)
AVALIAÇÃO: Muito bem localizado, confortável, café da manhã muito bom

Dia 2 - Lima


Dia 3 - Lima

Dia 4 - Lima-Paracas (ônibus)
>> Viagem foi durante a madrugada, para chegamos a Paracas a tempo de pegar a lancha para o passeio até as Islas Ballestas. Elas saem cedo, até no máximo 9h30. O passeio custa menos de 10 soles e dura cerca de duas horas. No trajeto, é possível ver golfinhos e o Candelabro, formação no meio das dunas que dizem ajudar na orientação dos navegadores.


>> Islas Ballestas - é um conglomerado de formações rochosas onde pode-se observar leões-marinhos e diversas aves, pinguins e focas. Maior produtor de guano, considerado o melhor fertilizante natural do mundo. Tradução: cocô de ave. 

>> Reserva Nacional de Paracas – Tem praias muito bonitas que valem a visita e observação


>> Praia de Lagunillas – Linda praia incrustada em formações rochosas. Local para relaxar e almoçar.

Paracas-Nazca (ônibus)
HOTEL: Sol yDunas 
AVALIAÇÃO: Um pouco distante da área Central, confortável, café da manhã muito bom

>> Como os passeios em Paracas podem ser feitos em meio dia, dá pra conferir tudo e ir direto pra Naza, cidade maior e com mais estrutura.



**DICA IMPORTANTE: quando você chegar na rodoviária de Nazca terá um monte de pessoas oferecendo todo tipo de serviço de transporte, passeios, hospedagem. Não aceite! É golpe. Se possível, contrate um transfer até o seu hotel diretamente com eles**

Dia 5 – Nazca
>> O bacana é fazer o sobrevoo das linhas de Nazca. Todos saem bem cedo e somente se houver bom tempo. O aeroporto é pequeno, mas me pareceu bem organizado. Há passeios em aeronaves para 8 e 12 pessoas. Mas, aí, se você não pegar um local na janela, não conseguirá ver muito bem as linhas. Por isso, resolvemos contratar um avião privado, com quatro lugares e, assim, ficamos todos em janelas e conseguimos ver todas as linhas com bastante conforto.

($ - Fechamos um pacote. Não lembro o valor ao certo, mas o sobrevoo, taxa de embarque e os demais passeios do dia não deram mais de 300 soles)




>> Cahuachi -  Um centro cerimonial da cultura Nazca (de 1 a 1500 d.C.). Por incrível que pareça essa espécie de pirâmide só foi descoberta em 1982 por um pesquisador italiano. O Governo da Itália financia as escavações, que ainda estão em curso.


>> Aquedutos Ocongalla - Há mais de 2000 anos, na época Pré-Colombiana, habitantes de Nazca desenvolveram sistema de aquedutos subterrâneos para irrigar as partes secas do vale. Este sistema de irrigação é único no Peru e talvez no mundo. Apesar dos anos e da quantidade de terremotos na região de nazca, eles estão incrivelmente preservados. Engenharia pura.

>> Cemitério Chauchilla - A civilização Nazca, que imperou no sul do Peru do ano 300 a.C a 800 d.C., foi pioneira no continente americano em técnicas de mumificação. E as múmias estão ali, em doze túmulos abertos, expostos ao tempo. É claro que é muito mais incrível vê-las ali, no local onde foram enterradas, mas com a ação do tempo, do sol, da areia e dos ventos, tudo pode se perder, se as relíquias não forem transportadas para um museu. As coberturas de palha são recentes e insuficientes.
**Dica de compras – ouro em Nazca é barato**

Dia 6 Nazca-Arequipa
ALBERGUE: LasTorres de Ugarte 
AVALIAÇÃO: Excelente localização, confortável, café da manhã muito bom
>> Arequipa é a segunda cidade mais populosa do Peru.

>> O centro histórico é lindo e vale circular por lá vendo as construções, museus e restaurantes.

>> Monastério de Santa Catalina – uma espécie de cidadela onde freiras reclusas vivem desde 1579. Vale a visita. Local lindíssimo.



>> Plaza de Armas – muito bonita. Vale entrar na catedral.

>> Juanita – O museu da universidade local é bem pequeno, mas a história da Juanita é incrível. Considerada a múmia mais bem preservada do mundo, poder vê-la é mesmo surpreendente. 

**Dica – O centro histórico de Arequipa tem uma rua repleta de agências de viagem. Aproveitamos e pesquisamos os preços e fechamos em uma delas os pacotes mais vantajosos para o restante da viagem em Chivay e Puno**

Dia 7 - Arequipa-Chivay
>> Partida durante a madrugada. Os pacotes turístico costumam buscar no hotel. Vale a pena

>> Chivay - pequeno povoado situado a 163 km de Arequipa e é usado como base para o tour no cânion do Colca. Como está a 3.651 msnm é aconselhável caminhar devagar e tomar bastante chá de coca para evitar os sintomas da altitude.

>> Cânion do Colca - é considerado um dos mais profundos do mundo e fica há 50 km de Chivay. Nas paredes próximas do cânion é possível ver as tumbas pré-incas. No vale existem os povoados Yanque e Maca. O ponto alto do passeio é chegar até o mirante cruz do condor, onde há maior probabilidade de ver os condores voando nas térmicas da manhã. Com chance, consegue-se observar condores. Nós conseguimos. Lindo!



Chivay-Puno
>> De Chivay pega-se o ônibus para Puno. Passeio panorâmico que é bem bonito. Mas é fundamental ir tomando chá de coca porque sobe-se muito até chegar à cidade.
**Dica para a altitude – Eu passei muito mal, mesmo bebendo o chá de coca, mascando a folha e chupando a bala. Só fui melhorar quando tomei a Soroche Pills, que é o remédio específico para o mal de altitude. Em qualquer farmácia é possível comprar, sem receita, cada comprimido a 2 soles. **

ALBERGUE
: Hostal Helena Inn 
AVALIAÇÃO: Bem localizado, confortável, café da manhã muito bom (atenção! Puno é uma cidade com muitas ladeiras e como tem altitude superior a Cusco é complicado se locomover se estiver num hotel muito lá no alto)

Dia 8 - Puno
>> Como já tínhamos contratado o passeio desde Arequipa, foi tranquilo só aguardar o guia ir nos buscar no hotel e levar até o porto de Puno. De lá, um barco bem confortável nos guiou pelo passeio de um dia inteiro pelo Lago Titicaca, o mais alto navegável do mundo.

>> Islas de Uros - Denominam-se Uros as ilhas artificiais sobre as águas do Lago Titicaca, que os nativos bolivianos e peruanos constroem para viver. A existência dos Uros já se verifica desde a era pré-colombiana, quando um povo homônimo desenvolveu esta forma de habitação tendo em vista maior segurança. Os Uros são feitos à base de totoras e é necessária constante trabalho de manutenção para assegurar a flutuabilidade de tais ilhotas onde os residentes pescam, caçam pássaros e por último exploram o turismo com a venda de artesanato.



Vale conversar com os moradores, conhecer suas casas. Eu fiquei encantada com a doçura dos homens e mulheres de Uros. 

>> Isla Taquile – É uma ilha rochosa que fica a 2h30 de navegação de Puno. A única vila fica no alto montanha à 190m. Para chegar até ela existem dois caminhos: uma escadaria com 538 degraus que leva direto a vila ou uma trilha de quase 3km com subidas suaves que passa por fazendas e pequenas comunidades. Fomos pela escadaria, que foi onde o barco aportou. Conforme subíamos, encontramos muitos taquilenhos fazendo suas atividades diárias que são basicamente a agricultura e o artesanato. Seus trajes logo nos chamaram a atenção pois são diferenciados conforme o estado civil de cada um. As mulheres casadas normalmente se vestem com saia preta e blusa de cores sóbrias. Sobre a cabeça levam um xale de lá negro. As moças solteiras também usam o xale, mas suas roupas são de cores vivas e com enormes e coloridos pompons nas pontas do xale. Todas usam de 5 a 6 saias, uma por cima da outra. Os homens em geral usam calça e colete pretos e uma cinta larga e colorida na cintura. Junto à cinta levam uma bolsa onde carregam as folhas de Coca. A diferença entre solteiros e casados está no gorro. Os solteiros um gorro branco e vermelho e os casados um gorro vermelho. Se o homem solteiro está comprometido usa o pompom do gorro para o lado. Se está disponível, usa o pompom para trás. Achei o costume bem prático e que com certeza evita muita confusão.
O almoço foi servido em uma das residências da ilha.



O que mais me encantou nesse povo é a divisão de trabalho. Todos podem um dia ser o governante da ilha, porque funciona como um rodízio. O governante não ganha nada por isso e trabalha exclusivamente em prol da comunidade.

Dia 9 - Puno-Cusco
ALBERGUE: Hitchhikers Backpackers 
AVALIAÇÃO: O pior da viagem!!! Cheiro de mofo, limpeza a desejar. Não reserve este de maneira alguma
>> Viagem de trem / ônibus - Todos os relatos sobre a viagem de trem entre Puno e Cusco são maravilhosos e encheram os meus olhos. Mas infelizmente não conseguimos encaixar a viagem no nosso roteiro. A Peru Rail faz o trecho apenas três dias na semana. Por isso, acabamos optando por fazer de ônibus mesmo. Um serviço com carros confortáveis e janela panorâmica que dá pra você ver todo o trajeto de 9h, com paradas ainda em três cidades do caminho.

Dia 10 - Cusco

>> Tambomachay - Em espanhol ou Tampumachay (quíchua: tanpu mach'ay, lugar de descanso) está localizado próximo a Cusco, no Peru. É um sítio arqueológico que foi destinado ao culto à água e para que o chefe do Império Inca pudesse descansar. Este lugar também é denominado "Banhos do Inca". É composto de uma série de aquedutos, canal e várias cascatas de água que correm pelas rochas. Aqui também houve uma espécie de jardim real, cuja irrigação provinha de um complicado sistema de canais especialmente feitos para essa função.


>> Moray - Ou Muray (Quechua) é um sítio arqueológico no Peru a cerca de 50 km a noroeste de Cuzco em um planalto a cerca de 3.500 m (11.500 pés) e logo a oeste da vila de Maras. O sítio contém ruínas incas incomuns, principalmente constituído por enormes depressões circulares, a maior das quais é de aproximadamente 30m de profundidade. Tal como acontece com muitos outros locais incas, que também tem um sofisticado sistema de irrigação. O objetivo destas depressões é incerto, mas a sua profundidade, desenho, e orientação em relação ao vento e ao sol cria uma diferença de temperatura de até 15 ° C entre a parte superior e a parte inferior (o que é incrível!). Acredita-se que esta grande diferença de temperatura foi utilizado pelos incas para estudar os efeitos de diferentes condições climáticas nas culturas, servindo para a agricultura.


Dia 11 - Cusco-Ollamtaytambo
HOTEL: TikawasiValley 
AVALIAÇÃO: O melhor de toda a viagem. Bem localizado, banheiro limpíssimo, quarto muito confortável

>> Písac - Sem dúvida a melhor surpresa da viagem. A caminho de Ollamtaytambo, alugamos um guia com carro que nos levou antes a Písac (ou Pisaq), cidade a 33 quilômetros da cidade de Cusco, no Peru. O seu local arqueológico é um dos mais importantes do Vale Sagrado dos Incas, contendo um povoado parte inca e outra parte colonial. Písac, e sua praça principal, é um lugar cheio de colorido e com diversos artigos artesanais à venda. Este povoado é conhecido pelo seu observatório astronômico.

A arquitetura de Písac também é mestiça, construída sobre restos indígenas pelo vice-rei Francisco de Toledo.Aqui pode-se assistir a uma missa em quíchua no meio de indígenas e varayocs ou prefeitos regionais. Igualmente, pode-se comprovar como os agricultores incas resolveram o problema de semear nas ladeiras dos morros.

>> Experiência - Todo mundo quando fala em Peru, pensa em Machu Picchu, mas foi Písac que mais me surpreendeu porque eu não esperava pela maravilha deste lugar. Não só pela arquitetura, com a formação de três grandes bairros no alto das montanhas, mas com ampla vista do Vale Sagrado (diferentemente de Machu Picchu, que é uma cidade escondida); mas sobretudo pela energia do lugar. Foi especial e intenso, local onde pude meditar com calma e privacidade, sem a presença da grande multidão a qualquer hora do dia que está em Machu Picchu.


>> Ollantaytambo ou Ullantaytanpu (quechua: Ullantay Tampu) - É uma obra monumental da arquitetura incaica. É a única cidade da era inca no Peru ainda habitada. Em seus palácios vivem os descendentes das casas nobres cusquenhas. Os pátios mantêm sua arquitetura original. Atualmente é um povoado, capital do Distrito de Ollantaytambo (Província de Urubamba), situado na parte sul a cerca de 90 km a noroeste da cidade de Cuzco. É um dos pontos de partida do caminho a Machu Picchu

Esta cidade constituiu um complexo militar, religioso, administrativo e agrícola. A entrada é feita pela porta chamada Punku-punku. Demos muita sorte porque chegamos no dia do aniversário da cidade. Cidadãos do local e os que vivem nas montanhas, preservando a cultura inca e boa parte do ano vivem no isolamento, estavam todos com as roupas típicas, na praça principal da cidade, comendo e bebendo (muito!) em celebração. Foi lindo e divertidamente caótico. Aquelas figuras parecendo vir direto de séculos passados numa porranca de dar gosto.

*Curiosidade: Uma das montanhas que cercam a cidade mostra formações rochosas que lembram a metade de um rosto, aparentando com um rei de barba e coroa. O rosto apareceu após de um terremoto que aconteceu no século XX. Ao lado do rosto existe um silo de alimentos, que muitas das vezes é confundido com uma prisão. A localização do silo foi muito bem planejada, mesmo em dias de sol intenso, o vento forte que bate na montanha mantém o local bem fresco, favorecendo a conservação dos alimentos.


Dia 12 - Ollamtaytambo-Aguas Calientes

>> A viagem foi feita de trem. Pegamos o primeiro horário para chegar em Aguas Calientes bem cedo e pegar a abertura da entrada a Machu Picchu, ainda assim, só conseguimos o segundo horário para subir a Huayna Picchu, porque o primeiro só é possível para quem está hospedado na cidade.

DICA IMPORTANTE: Há uma restrição no número de pessoas que pode subir ao Huayna Picchu por dia, portanto, compre sua entrada com antecedência.

Tíquetes aqui.


>> Machu Picchu (em quíchua Machu Pikchu, "velha montanha") - Também chamada "cidade perdida dos Incas", é uma cidade pré-colombiana bem conservada, localizada no topo de uma montanha, a 2400m de altitude, no vale do rio Urubamba, atual Peru. Foi construída no século XV, sob as ordens de Pachacuti. O local é o símbolo mais típico do Império Inca, quer devido à sua original localização e características geológicas, quer devido à sua descoberta tardia em 1911. Apenas cerca de 30% da cidade é de construção original, o restante foi reconstruído. As áreas reconstruídas são facilmente reconhecidas, pelo encaixe entre as pedras. A construção original é formada por pedras maiores, e com encaixes com pouco espaço entre as rochas.

Consta de duas grandes áreas: a agrícola formada principalmente por terraços e recintos de armazenagem de alimentos; e a outra urbana, na qual se destaca a zona sagrada com templos, praças e mausoléus reais.

A disposição dos prédios, a excelência do trabalho e o grande número de terraços para agricultura são impressionantes, destacando a grande capacidade daquela sociedade. No meio das montanhas, os templos, casas e cemitérios estão distribuídos de maneira organizada, abrindo ruas e aproveitando o espaço com escadarias. Segundo a história inca, tudo planejado para a passagem do deus sol.

O lugar foi elevado à categoria de Patrimônio mundial da UNESCO, tendo sido alvo de preocupações devido à interação com o turismo por ser um dos pontos históricos mais visitados do Peru.

Há diversas teorias sobre a função de Machu Picchu, e a mais aceita afirma que foi um assentamento construído com o objetivo de supervisionar a economia das regiões conquistadas e com o propósito secreto de refugiar o soberano Inca e seu séquito mais próximo, no caso de ataque.


Dia 13 - Ollamtaytambo-Cusco



Dia 14 - Cusco-Lima
ALBERGUE: Kusillus Hostel 
AVALIAÇÃO: É muito barato e fica bem localizado em Miraflores. Mas é o estilo bem rústico, quarto sem nenhum conforto ou luxo. Quando fomos, ainda demos o azar de estar havendo uma obra na rua em frente ao hotel, tudo fechado ao trânsito. Foi tranqueira carregar a mala até a entrada do albergue e ainda subir um lance íngreme de escadas.

Dia 15 - Lima-SP-RJ


>>Mais sobre a cultura peruana <<

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** O Blog Andarilhos do Mundo tem roteiros muito interessantes sobre o Vale Sagrado no Peru, recheados de fotos bacanas. Recomendo a leitura para incrementar a sua pesquisa:

Vale Sagrado
Maras e Moray
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Peru Delícia
Até o momento, é o país onde comi melhor. Foi de fato uma farra gastronômica, com mil experiências de sabores, cheiros, pratos, cultura. Muito milho, muita cusqueña, muito ceviche, carnes diversas (alpaca, llama e o cuy).

Cai dentro!








2 comentários:

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  2. La mejor experiencia de viaje, me emocione leyendo todo, si pueden volver a Perú.

    Les recomiendo visitar la Laguna Humantay

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