terça-feira, 17 de abril de 2012

Chamonix: branco, silêncio e paz


Vou pedir licença ao blog e aos leitores para mudar o tema deste sítio. Como minhas últimas férias foram na França, vou aproveitar este espaço para compartilhar com vocês a experiência naquele país. E começo com a seleção de algumas impressões e dicas da experiência de passar quatro dias na bela Chamonix, cidade aos pés do Mont Blanc - a maior montanha da Europa – e point de esquiadores, snowboarders e amantes do parapente.


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Se você já sabe esquiar, este é o lugar. Localizada na fronteira da França com a Suíça e a Itália, Chamonix recebe no inverno as famílias que
aproveitam a neve e as pistas de vários níveis de dificuldade para praticar esportes. Quase tudo gira em torno da prática esportiva e os horários de circulação das pessoas pela cidade são ditados pela abertura e fechamento das várias pistas. Você irá topar o tempo todo com pessoas de diversas idades carregando seus equipamentos. Estive lá no final do inverno, mas, no verão, a região também é bastante procurada por alpinistas e a galera que curte caminhadas e mountain bike.

Mas se você é como eu, que nunca havia esquiado na vida, há muito
que aproveitar na região. A mais óbvia aventura: aprender a esquiar. Existem escolas onde você pode contratar instrutores pelo período de 1h ou 2h, individual ou em grupo. Será levado em conta o nível de experiência para definir onde o treinamento acontece. Para os iniciantes, há duas pistas. Eu tive a minha aula na Le Savoy. Segui as indicações do guia da Lonely Planet e contratei o meu instrutor na École Du Ski. O período de 2h de aula custou 60 euros e é o ideal para que você consiga perceber a sua evolução e não coloque os bofes para fora depois de várias tentativas em ficar de pé. Esse valor é só pelo instrutor; se você for usar a estrutura da pista – que são aqueles teleféricos que te rebocam até o topo – deve comprar o skipass, que custa em torno de 15 euros. No centro de Chamonix há algumas lojas para alugar as roupas e os equipamentos. Paguei 39 euros por cada dia de aluguel de casaco, calça, esqui, bota e grampos.

Uma infinidade de branco, silêncio e paz - Chamonix é também uma ótima ideia para quem quer relaxar. Há vasta opção de hotéis na cidade e nos pequenos distritos que ficam muito próximos uns dos outros. Fiz a minha reserva no Aguille Du Mi, em Les Bossons, e não me arrependi. Além de ser uma casinha de bonecas linda, localizada em frente ao monte que dá o seu nome, tem excelentes instalações e atendimento de primeira. Este hotel foi uma das grandes surpresas da viagem, pois o custo-benefício valeu muito a pena.





Por falar no Aguille Du Midi, é uma boa iniciar o tour pela região visitando o ponto dominante das montanhas, que é o local mais próximo do Mont Blanc que se consegue chegar. A subida é feita de teleférico e a estação de partida é no centro de Chamonix.

Ache-se nas estradas – Chamonix tem um serviço de ônibus razoável. Apesar de ser na França, a pontualidade dos coletivos é britânica. No hotel, você consegue um cartão de visitante, que lhe garante o direito de andar nestes ônibus de graça. Mas para ter mais liberdade e aproveitar tudo no meu tempo, aluguei um carro. A Europcar é a única agência no Centro de Chamonix, mas achei os preços bem razoáveis e o carro econômico que aluguei estava novinho.
Como em toda a Europa as fronteiras te permitem chegar rapidamente a outro país, o carro facilitou tudo. Em um dos dias, circulei pelos diversos distritos da região, cruzei o limite entre a França e a Suíça e visitei uns vilarejos da comuna de Orsières. A estrada é uma atração à parte. Um branco tão intenso, um silêncio tão ensurdecedor que você é obrigado a pensar em paz.

No segundo dia, peguei o sentido contrário da estrada e em menos de 40 minutos estava na Itália, passando pelo Túnel Mont Blanc – o mais extenso do mundo. Neste caso, é necessário pagar um pedágio. Mas se você comprar de uma vez só a ida e a volta, sai por menos de 40 euros. Não é propriamente barato, mas a cidade que você encontrará do outro lado vale muito a pena. Couermayer é linda.

Gastronomia - A Savoia é terra de bons queijos. Lá você encontra os famosos Beaufort, Savoie Gruyère, Reblochon entre outros. Portanto, é o lugar para você experimentar a preços acessíveis o que você só encontraria no Brasil pagando um rim e meio. São muitas opções de queijos, que são servidos nos diversos restaurantes da cidade como entrada ou como prato após a sobremesa. Há opções interessantes de fondue, que eles servem com aspargos e copa, além do tradicional pão. Os vinhos da Savoia são interessantes e vale a pena provar. O Blog Além do Vinho tem uma relação bacana das principais uvas da região.

Outra boa pedida é comer escargot a preços honestíssimos. Nunca tinha experimentado e gostei bastante.

Como chegar – O aeroporto mais próximo de Chamonix é o de Genebra, na Suíça. Eu optei, no entanto, por ir de TGV de Paris até a cidade St. Gervain. A viagem dura pouco mais de 3h e a paisagem é linda. A passagem de ida custou 91 euros, mas é possível encontrar preços menores dependendo das promoções e antecedência da compra. Da estação de St. Gervain você pode pegar um trem ou ônibus até Chamonix, com duração de menos de 1h. Infelizmente não lembro quanto paguei por esse trecho, mas é baratinho.

Franceses adoram uma greve e eu pude presenciar uma. Nenhum protesto veemente, apenas suspensão de alguns horários de trem e de ônibus locais de Chamonix. Por isso, na despedida de Chamonix acabei tendo que pagar um táxi (65 euros) para não perder o TGV para Annecy. No melhor esquema “férias é para ter bom humor”, encarei como mais uma história para contar.

Curiosidade - Mas se você ainda não tem dias, nem dinheiro suficientes para conhecer a Chamonix francesa, há um consolo. Em Teresópolis, na Região Serrana do Rio de Janeiro, existe a Pousada Chamonix , inspirada na cidade. O estabelecimento é vencedor de cinco edições do troféu imprensa como a melhor hotelaria da cidade de Teresópolis. De repente...