terça-feira, 19 de abril de 2011

Ao comandante, as idéias

O ex-presidente cubano Fidel Castro renunciou oficialmente ao cargo de primeiro-secretário do Partido Comunista de Cuba nesta terça-feira, dia 19/04/2011; cargo que ocupava desde sua criação em 1962. Fidel anunciou sua saída definitiva da política cubana em artigo publicado nos veículos oficiais de imprensa local, alegando fragilidade física. No texto, comandante em chefe das forças revolucionárias diz que se dedicará a ser um “soldado das idéias”.

A fragilidade física de Fidel não é novidade, muito menos que a saída dele da cúpula do PC era prevista. A novidade é a série de propostas que estão sendo gestadas e que podem levar muitas mudanças à vida do povo cubano.


Ainda que as propostas apresentadas por Raúl Castro ao Partido Comunista ainda não tenham sido detalhadas, a imprensa já fala em "plano de reformas que significará mudança sem precedentes". Do que tem se falado, destaco a limitação de até 10 anos de manutenção em cargo público (ainda é muito!) e a permissão de que cubanos possam vender imóveis pela primeira vez desde a Revolução.


A proibição de venda de imóveis, ainda em vigor, trouxe muitos problemas para o cotidiano dos cubanos. E isso foi tema de diversas conversas nossas com os residentes. Sem poder comprar ou vender imóveis - o que faz sentido no socialismo (não há propriedade privada), mas não na realidade - as famílias foram se aglutinando nas residências em que já viviam antes da revolução. Pais, filhos, netos, genros, noras, cunhados... Todos juntos, habitando o mesmo espaço e tendo que compartilhar privacidades, problemas. Não deu certo, tanto que o índice de divórcio em Cuba é um dos maiores.


Poder vender e comprar imóveis também não resolve, no entanto, porque o cubano não tem recursos para comprá-los. Ou seja, as belíssimas construções dos bairros de Vedado, Malecón, Miramar serão vendidas a estrangeiros e a população seguirá sem ter onde morar.


Vamos aguardar as cenas dos próximos capítulos e torcer para que este plano seja algo de fato bom para a população cubana.

2 comentários:

  1. eu tenho muito medo que o povo cubana se lasque com a fúria capitalista estrangeira, especialmente àquela relacionada a bens imobiliários. pensa, aqueles imóveis maravilhosos em malecón! eles devem valer muito dinheiro... daí, se isso acontecer, cuba perderá o sentido. não quero ir para um lugar e encontrar europeus ou americanos de novo. o melhor de cuba, é o povo cubano.

    ResponderExcluir
  2. Olá, bem-vinda ao blog.
    Você tem parte de razão. Mas o que adianta aqueles imóveis lindos do Malecón sem uso ou, pior, sendo explorados e utilizados (usurpados) pela elite cubana. Pois é, por mais contraditório que isso seja, existe uma elite. Ligada ao governo, à família Castro, que consome na Europa, tem dinheiro... Enfim, não sei qual seria o caminho, mas penso que não é nem lá, nem cá. Que eles sejam sábios nas escolhas!

    Abs,
    Naila

    ResponderExcluir